segunda-feira, 28 de maio de 2012

Trem arrasta carro por 150 metros em Hortolândia

Um carro e um trem se chocaram na noite de quinta-feira em passagem na Avenida São Francisco de Assis, em Hortolândia

Um carro e um trem se chocaram na noite de quinta-feira (24) na passagem em nível localizada na Avenida São Francisco de Assis, no bairro Vila Real, em Hortolândia. O acidente aconteceu por volta das 19h e não deixou feridos.

De acordo com informações da Polícia Militar, o veículo, um Chevrolet Corsa, parou sobre a linha e foi atingido pela composição. O motorista do carro, o carreteiro Marcelo Serafim dos Santos, relatou que havia freado para evitar a colisão com um ciclista.

O maquinista afirmou que foram feitos todos os procedimentos de segurança, mas não houve tempo e espaço suficiente para a frenagem. O trem carregava uma carga de 80 mil toneladas e arrastou o veículo por 150 metros.

Apesar de contar com sinalização e placas, não há cancela na passagem de nível e é comum o cruzamento de veículos e pedestres pouco antes da passagem de trens.

O maquinista relatou que acionou a buzina e os freios a aproximadamente 200 metros do veículo parado. Uma composição, no entanto, leva em média de 500 a 1000 metros para parar totalmente após o acionamento da frenagem, segundo informou, em nota, a assessoria de imprensa da ALL (América Latina Logística), responsável pelo trecho que corta a região. Após o acidente, a locomotiva continuou a viagem.

Cancela

Em setembro de 2010, uma colisão entre um ônibus e um trem matou 10 pessoas em Americana. Assim como em Hortolândia, não havia cancela. Questionada, a ALL afirma que as cancelas "não são itens obrigatórios de segurança e sofrem com a ação constante de vândalos, que inviabilizam sua utilização e comprometem sua confiabilidade".

De acordo com a concessionária, a manutenção e sinalização das passagens de nível implantadas nos cruzamentos da via férrea são de responsabilidade do executor da via mais recente.

"O CTB (Código de Trânsito Brasileiro), atribui ao Município a competência para implantar, manter e operar o sistema de sinalização, dispositivos e os equipamentos de controle viário. Independente disso, a ALL realiza, por iniciativa própria, o reforço da sinalização passiva nas passagens de nível críticas, como a pintura de solo", informou a concessionária em nota.

A Prefeitura de Hortolândia diz que implantou sinalização vertical e reafirmou a responsabilidade da ALL em reforçar a sinalização no local.

O Liberal, 25/05/2012

Motoristas param de novo, agora, para exigir salário

Grevistas exigem equiparação com Americana

Motoristas e cobradores da empresa de ônibus Viação Boa Vista fizeram nova paralisação ontem em Hortolândia para exigir equiparação do piso salarial com colegas de outras empresas que trabalham com o transporte coletivo em Americana. A paralisação - a segunda em menos de 10 dias - afetou cerca de 50 mil passageiros de Hortolândia, Monte Mor e Campinas. Os ônibus voltaram a circular no início da noite, após uma reunião entre representantes da empresa e do sindicato dos grevistas em que a reivindicação foi atendida.

Pela manhã, os motoristas fizeram uma aglomeração na porta da empresa para cobrar uma elevação de R$ 59 nos salários, em uma equiparação com o que é pago por empresas de Americana. Ao final das negociações, ficou acertado que a remuneração passará de R$ 1,4 mil para R$ 1,459. Também foi acordado um aumento no salário dos cobradores, que passou de R$ 832 para R$ 875. Durante a paralisação, um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, criticou a situação. "Tem o ano inteiro para acertar e discutir os valores dos salários. Por que esperar chegar até isso?", questionou.

O secretário-geral do sindicato, Nadir Migliorini, explicou que o aumento beneficia todos os empregados que trabalham na área de transportes da empresa, localizada no Jardim Amanda. "São cerca de 800 funcionários entre motoristas, mecânicos, faxineiras e outros. Somente o pessoal de administração não entrou", disse. "Tentamos conversar com a empresa e chegar a um acordo, para não ter esse impasse. Mas não houve acordo até chegar a esta paralisação", frisou.

A EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano) informou que 29 linhas deixaram de circular durante a paralisação. Com isso, foi posto em prática um esquema emergencial, que disponibilizou 50 microônibus do sistema Orca (Operador Regional de Coletivo Autônomo) nas ruas, para atender passageiros. A empregada doméstica Silvana Cristine da Silva, de 28 anos, foi uma das afetadas. "Até dá pra entender a situação deles, só que a gente também é prejudicada. Poderia ser uma paralisação melhor planejada", criticou.

No dia nove deste mês, 360 motoristas e cobradores fizeram uma paralisação pedindo a saída de dois supervisores de transporte, acusados de maltratar os funcionários e incentivar a prática de cobranças ilegais de passagem. Um dia antes, a empresa havia flagrado dois cobradores fraudando o sistema de cobrança. A paralisação durou um dia.

O Liberal, 18/05/2012

Flaskô protesta contra leilões

Funcionários de empresa ocupada apontam risco de desemprego

Cerca de 40 funcionários da Flaskô protestaram ontem em frente à Prefeitura de Sumaré e ao Fórum da cidade contra o leilão de duas máquinas avaliadas em R$ 40 mil e um veículo da fábrica que administrada por operários. Segundo um dos integrantes da comissão dos trabalhadores, Fernando Martins, a medida foi determinada pela Justiça para a quitação de uma dívida entre o antigo dono da empresa e o Governo do Estado. Os leilões ocorreram ontem, no Fórum, mas, não houve arremates.

Durante a tarde, os trabalhadores fizeram uma manifestação na região central da cidade. "Nós só queremos trabalhar em paz. Parem os leilões. Arrematar vai desempregar", dizia uma das faixas do protesto. "Estamos tentando fazer as negociações necessárias. Uma das alternativas é fazer esta manifestação, que é pacífica", comentou Martins. Segundo ele, as máquinas estão em uso na empresa. "Estão funcionando porque nós as recuperamos. Não podemos ficar sem elas", explica o funcionário.

Em março deste ano, o movimento realizou protestos contra os leilões das mesmas máquinas. Para o advogado dos operários da Flaskô, Alexandre Mandel, os leilões dos equipamentos da fábrica vão gerar desemprego. "A dívida é patronal, não dos trabalhadores", afirmou.

Atualmente com 70 empregados, a Flaskô fabrica reservatórios e tonéis plásticos. De acordo com Martins, a fábrica encontra dificuldades para produzir devido à precariedade das condições de trabalho. Os funcionários já buscaram o apoio do prefeito de Sumaré, José Antonio Bacchim (PT), para concretizar o processo de desapropriação do local. O petista chegou a enviar um ofício ao Fórum, em solidariedade aos trabalhadores, mas, a situação segue indefinida.

Ocupação
Desde 2003, após o abandono da empresa pelos donos e sucessivos pedidos de falência por credores, trabalhadores ocuparam a planta da fábrica, localizada na região da Área Cura. Eles são responsáveis pela administração das atividades da empresa e instalaram uma vila para abrigar famílias de funcionários e pessoas carentes. Parte das dívidas da empresa estava ligada a atrasos no pagamento de salários e encargos trabalhistas. 

O Liberal, 10/05/2012

Paralisação atinge 60 mil pessoas em Hortolândia e região

Motoristas e cobradores da empresa Boa Vista paralisam linhas em três cidades da região

Uma paralisação por parte de motoristas e cobradores da empresa de ônibus Boa Vista deixou ontem 60 mil usuários sem transporte coletivo em Hortolândia, Monte Mor e Campinas. Os trabalhadores exigem a saída de dois supervisores da empresa, a quem acusam de maus-tratos. Para o diretor de comunicação da empresa, Paulo Barddal, a paralisação é uma retaliação motivada por denúncias da Boa Vista contra dois cobradores, que teriam fraudado o sistema de cobrança de passagens. O sindicato da categoria não apoia a paralisação e não ficou definido ontem se o movimento continua.

Desde o início da jornada de trabalho, às 4h, 179 ônibus não saíram às ruas e 360 funcionários cruzaram os braços em frente à garagem da empresa, no bairro Jardim Amanda, em Hortolândia, para pedir as demissões. "Estamos parados para pedir a saída dos supervisores. Eles nos agem como ditadores. Não tem diálogo. O pessoal não quer mais isso", afirmou o motorista Aldair José dos Santos.

Na segunda-feira, a empresa registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil para denunciar o desvio de passagens pelos cobradores. Câmeras instaladas nos veículos teriam flagrado a fraude, segundo Barddal. Há dois meses, uma reportagem exibida pela EPTV Campinas denunciou que funcionários da empresa praticavam cobranças ilegais da tarifa. Ao invés de pagar o preço normal de R$ 3,05 e embarcar pela porta da frente dos ônibus, usuários pagavam R$ 2 e entravam pela porta de trás, sem passar pelas catracas. Imagens gravadas com uma câmera escondida e veiculadas pela emissora mostram cobradores embolsando o dinheiro.

Após a denúncia, a empresa demitiu quatro funcionários por justa causa. Na época, motoristas e cobradores fizeram uma paralisação para acusar supervisores de incentivarem a fraude e exigir o pagamento de benefícios trabalhistas aos suspeitos. A Boa Vista negou as acusações, mas adiou a demissão imediata dos funcionários.

Para Barddal, a paralisação de ontem foi uma retaliação à denúncia de fraude. O diretor criticou o movimento porque o pedido de demissão dos supervisores seria para que cobradores pudessem "atuar de forma mais tranquila". "A empresa não negocia este tipo de coisa", disse. Segundo ele, os cobradores devem ser ouvidos pela polícia.

Providências
Para garantir o transporte de passageiros da Boa Vista no período da tarde, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) providenciou a transferência de parte da frota do eixo Sumaré-Campinas para o eixo Campinas-Hortolândia-Monte Mor, com 50 veículos.

O Liberal, 09/05/2012

Prefeito de Hortolândia terá que explicar contrato

Câmara aprovou requerimento formulado pela bancada de oposição que pede explicações sobre contrato com a Delta

O prefeito de Hortolândia Ângelo Augusto Perugini (PT) terá que dar explicações sobre o contrato de R$ 1,1 milhão firmado em 2007 com a empreiteira Delta Construções S/A, julgado irregular pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo). Na sessão da Câmara de ontem, vereadores aprovaram o requerimento da bancada de oposição que pedia informações dos serviços prestados pela empresa no município. O documento é de autoria dos parlamentares Lenivaldo Pauliuki (PSDB), George Burlandy (PR), Edvan Campos de Albuquerque (PMDB) e Jair Padovani (PSDB). Perugini terá quinze dias úteis para responder aos questionamentos.

Ontem, Pauliuki utilizou a tribuna livre para comentar o requerimento. "Queremos saber detalhes deste contrato, que obras foram feitas e onde foram feitas, por exemplo. Nós julgamos isso de suma importância em função de tudo o que está acontecendo", declarou o tucano. A Delta é investigada pela Polícia Federal e por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional que envolve o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). A empresa é acusada de fraudar licitações e contratos com diversos órgãos públicos no país.

Em 2009, o TCE julgou irregular o contrato entre a empreiteira e a Prefeitura de Hortolândia, que previa a execução de obras de infraestrutura na cidade. Segundo o órgão, a Prefeitura não poderia ter utilizado os valores da Ata de Registro de Preços feita em uma concorrência do município de Campinas para a contratação da Delta. A Administração hortolandense recorreu da decisão, mas a defesa foi rejeitada pelo órgão em acórdão publicado em janeiro deste ano. Ao TCE, a Prefeitura afirmou que o contrato foi cumprido "a contento" e não houve indício de "prejuízo algum ao erário". A decisão do Tribunal, no entanto, é definitiva.

Americana
Em Americana, a Comissão de Acompanhamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Drenagem, formada na Câmara, investiga a ligação da empreiteira com as denúncias de desvios públicos que estouraram em Brasília (DF). A Delta integra o Consórcio Parque, responsável pelas obras na Avenida Brasil. As obras na cidade, que devem chegar a R$ 75 milhões, também são investigadas através de inquéritos pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal.

O Liberal, 08/05/2012

Obras vão beneficiar 500 mil, aponta o governo

Três cidades serão beneficiadas por marginais e terceira faixa na Rodovia Anhanguera

As obras de ampliação das pistas da Rodovia Anhangüera (SP-330) devem beneficiar 500 mil pessoas nas cidades de Americana, Sumaré e Nova Odessa, de acordo com estimativa da Secretaria estadual de Transportes. 

As melhorias vão proporcionar a reordenação do tráfego urbano e de longa distância, maior fluidez de tráfego e mais segurança aos usuários.

A construção de marginais e de terceira faixa na região teve início ontem com a presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), em Sumaré.

Serão construídos 26 quilômetros de marginais, entre os kms 103 e 120, em Sumaré, e 15,4 quilômetros de terceiras faixas entre os kms 120 e 128, em Americana.

Segundo a Concessionária Autoban, responsável pelas obras, os investimentos chegam a R$ 85 milhões.

Outras obras em trechos próximos a Jundiaí e a Louveira também estão no pacote, que totaliza R$ 142 milhões.

As obras em Sumaré devem durar até abril do ano que vem.

O governo estadual e a concessionária anunciaram também a demolição e reconstrução de cinco passarelas de pedestres próximas a bairros de Sumaré.

Quatro viadutos serão construídos nos kms 115 e 119 (dois para cada sentido) e outro no quilômetro 113 será reconstruído.

Ao lado do secretário estadual de Logística e Transportes, Saulo de Castro, e do prefeito de Sumaré, José Antonio Bacchim (PT), o Alckmin ressaltou a importância das obras para a segurança de motoristas e moradores.

"Por aqui passam mais de 80 mil veículos por dia; próximo a Campinas, outros 104 mil. Dará mais fluidez e segurança no tráfego regional e a todos os que percorrem a Rodovia Anhangüera", declarou.

O governador também ressaltou o crescimento regional e exaltou a RMC (Região Metropolitana de Campinas).

"Esta região é motor (de São Paulo) pela sua força econômica e cérebro pelas universidades, pelo avanço tecnológico e pelas empresas de ponta que possui", destacou.

Viaduto

O prefeito de Sumaré afirmou que prossegue a negociação para a construção de um viaduto entre o Parque Bandeirantes e o Jardim Nova Europa, em Hortolândia, prometida há três anos.

"O governador deu ciência, nós temos reunião marcada na próxima semana e uma visita por parte da Artesp (Agência Reguladora de Transporte do Estado), da Autoban e do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) para que possamos fazer a interligação entre os bairros", informou.

Atualmente, para cruzar de um bairro a outro, os pedestres têm de passar pela linha férrea que divide as duas cidades.

O Liberal, 05/05/2012

Prefeito nega irregularidades em contrato com empreiteira

Perugini afirma que desconhece fraudes apontadas pelo MP

Em entrevista exclusiva ao LIBERAL, ontem, no Palácio das Águas, sede do Poder Executivo de Hortolândia, o prefeito Ângelo Augusto Perugini (PT) negou que haja qualquer irregularidade na licitação e no contrato firmado com a empresa O. O. Lima Empresa Limpadora. "Não existiu jamais nenhuma participação da Prefeitura em qualquer coisa ilícita fornecida pela O. O. Lima", garantiu.

Em fevereiro, o Ministério Público pediu à Justiça que o prefeito perca o cargo e tenha os direitos políticos suspensos de oito a dez anos. Perugini teria sido conivente com irregularidades cometidas na contratação e execução de serviços da limpadora. O MP encaminhou ao Poder Judiciário uma ação civil pública afirmando que as irregularidades teriam causado prejuízo de mais de R$ 2,9 milhões ao município e enriquecimento ilícito dos envolvidos. O processo está em andamento.

O promotor Marcelo Di Giácomo Araújo entendeu que os serviços executados por funcionários da O. O. Lima não recebiam por horas trabalhadas e sim com base em 220 horas, independente do encargo. Perugini alegou que outros órgãos públicos também praticam o mesmo tipo de pagamento e disse que recomendou à Secretaria de Finanças uma redução de custos com os serviços executados pela empresa. Em setembro de 2010, após o caso se tornar público, foi aplicada uma redução de 220 para 180 horas à empresa. O contrato com a empreiteira foi rompido em julho do ano passado.

A apuração da Promotoria baseou-se em interceptações telefônicas realizadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), mas Araújo afirmou, contudo, que não há citações de pagamentos diretos a Perugini e ao secretário de Obras, Marcelo Borges. "Há conversas entre pessoas do grupo que controla a empresa mencionando pagamento de valores a servidores de Hortolândia. Para mim, a soma destes fatores leva a crer que tanto o prefeito quanto o secretário foram coniventes com essa fraude", afirmou o promotor, em fevereiro.

"Nós jamais recebemos nada. Eu não sei quem são. Nunca vi. Nunca participo do processo licitatório. O MP investigou nosso contrato, a Câmara ficou um ano com a CEI (comissão de investigação) e ninguém teve nada para falar", rebateu o petista.

O Liberal, 03/05/2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mensalão


Um dos escândalos políticos mais graves e estrondosos da história recente está prestes a tomar contornos definitivos. O julgamento do “mensalão petista” tem grande chance de se realizar ainda neste semestre e, querendo ou não, poderá causar marolas, ou até ondas e tsunamis, no processo eleitoral marcado para outubro, quando munícipes de todo o país elegem representantes locais. 

A relevância do julgamento do mensalão se denota logo pelas proporcionalidades do caso. Serão 38 réus ouvidos pelo STF, o Supremo Tribunal Federal, que tentará identificar a culpa ou a inocência em crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta. Entre os 38 figuram homens fortes da política nacional no ano de 2005, como o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério e o ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson (responsável por denunciar o esquema).

Como se não bastasse, o envolvimento do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva é dado como inevitável. O próprio admitiu em 17 de julho de 2005, em uma entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, que “o que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente”. Lula se referia à história de que o partido havia montado um caixa abastecido com recursos “duvidosos” para bancar a reeleição em 2006. Claramente engasgado, afirmou na sequência que “as pessoas não pensaram direito no que estavam fazendo” e que “o PT tem na ética uma de suas marcas mais extraordinárias”.  

Leonardo Attuch, na época jornalista da revista IstoÉ, aposta no livro-reportagem A CPI que abalou o Brasil (Futura, 2006) que as palavras de Lula foram praticamente a admissão das irregularidades. “O próprio presidente da República, com a maior naturalidade, assumia um crime cometido no seu partido, apostando que seria perdoado porque seus antecessores haviam feito o mesmo”, escreve. 

Especula-se na imprensa nacional, no entanto, que pressões intrapartidárias e entre órgãos federais já tratam de forçar o despiste do julgamento, algo, infelizmente, peculiar à política brasileira, que traz em seu léxico verbos como amenizar, abafar, postergar e omitir.Ao resto do país, a pressão favorável ao julgamento e aos esclarecimentos é possível e se faz extremamente necessária, ainda que o campo lexical da maioria da população em relação à política seja composto por dois verbos: esquecer e suportar.O caso do mensalão é grave e merece muita atenção. 

O Liberal, 26/04/2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Jardim Nova Europa


O sonho de muitos brasileiros, principalmente dos mais jovens, é viver na Europa. O velho continente sempre teve a imagem do desenvolvimento e da prosperidade muito presente nas concepções populares. Mesmo em tempos de crises financeiras, há quem prefira trocar o Brasil de Dilma Rousseff por qualquer pedaço de terra do outro lado do Atlântico. 

Foi numa das pautas do dia a dia jornalístico que uma comparação me surgiu. Andando por Hortolândia, na semana passada, o bairro Jardim Nova Europa chamou minha atenção. O local é caótico. A rede de esgoto é precária, quase inexistente, e as ruas parecem vias rurais, dando a iminente sensação de que dar nome ao bairro de Nova Europa soa como uma demasiada pretensão. Ou apenas demasiada falta de senso para a denominação.

A semelhança com o continente, imagino eu, talvez fique por conta das vias esburacadas, das crateras que se espalham e outras peculiaridades. Claro, a Europa a qual me refiro pode ser encontrada até hoje nos livros de História, em retratos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, de preferência, os clicados pós-bombardeios e combates.

No bairro hortolandense, as contradições são perceptíveis. Da Rua Boa Vista, é possível enxergar no horizonte uma das empresas que fazem de Hortolândia uma cidade conhecida pelo crescimento econômico e pela arrecadação polpuda. Um contraste notável, uma situação lamentável. Atualmente, apenas 40% das casas do Jardim Nova Europa contam com ligação de esgoto. Na cidade, o número chega a 70%. Nas promessas do poder público, o objetivo é chegar a 100% até o final deste ano. Da mesma forma, a Prefeitura promete também asfaltar todas as ruas do município no mesmo período. As obras integram um pacote de R$ 28 milhões destinados à pavimentação. 

Quando o tema é meio ambiente, o município também patina. No ranking ambiental elaborado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a cidade aparece apenas em 312ª, uma das piores da RMC (Região Metropolitana de Campinas), bem longe de ser premiada com o Selo Verde Azul.

Em pleno século XXI, numa das principais regiões do país, a jovem Hortolândia, prestes a atingir os 21 anos, ainda engatinha em questões fundamentais de infraestrutura urbana. Ainda assim, se gaba de ser a cidade que mais cresce no Brasil.Nos últimos sete dias, ao tomar conhecimento da reportagem e antes mesmo da publicação no último domingo, a Prefeitura tratou de anunciar e divulgar obras no Jardim Nova Europa. Uma notável rapidez que, infelizmente, parece não vingar em prol da população. Do jeito que está, a “Europa” hortolandense dificilmente será um sonho para se viver.

O Liberal, 12/04/2012

Tragédia anunciada


De um minuto a outro, a vida começou a ruir. Por descuido, displicência ou meramente o acaso, o fogaréu começou a se alastrar com uma intensidade assustadora, levando ao chão e ao pó o que há muito era parte de uma conquista. Em um momento como esse, a remissão do fogo ao inferno se torna eternamente válida, maso calor das labaredas é subjugado peloinstinto de sobrevivência e continuidade. Luta-se por tudo que se possa resumir como sendo a vida.

Algo do tipo espantou na última terça-feira os moradores da Rua Odilon Gomes, no bairro Jardim Santana, em Hortolândia. Por volta das 14h, a casa onde duas pessoas moravam e trabalhavam foi cenário de um incêndio assustador. Nos relatos dos vizinhos, o crepitar das chamas pode ser ouvido a algumas residências de distância. Enquanto uns tentavam socorrer por meio de gritos de ordem, movidos pelo desespero, outros passavam a mão nos telefones emergenciais. Houve quem ficou rouco e houve quem passou mal com a adrenalina do momento. Feridos, apenas os dois moradores, que depois de tentarem salvar o que lhes restava, conseguiram escapar pela casa dos fundos.Quem vive em Hortolândia poderia muito bem chamar a situação de uma tragédia anunciada. 

No auge do crescimento econômico e desenvolvimento de sua infraestrutura, a cidade e os 192 mil habitantes que a ocupam vivem desamparados sem a presença de uma guarnição do Corpo de Bombeiros. O incêndio na Rua Odilon teve de ser contido por homens e viaturas que vieram do centro de Campinas. De acordo com relatos dos moradores, o tempo estimado entre a comunicação da ocorrência e a chegada ao local foi entre 30 e 40 minutos. O próprio comandante das operações do Corpo de Bombeiros admitiu que, quando estacionou o caminhão, viu que a casa já estava no chão. Não fosse pelos vizinhos e pela chegada imediata da Defesa Civil da cidade, a situação seria pior.

A falta de uma corporação já foi até alvo de questionamentos na Câmara dos Vereadores, por parte do parlamentar George Burlandy (PR). Questionada, sobre o assunto, a Administração explicou que tem tomado providências. “A Prefeitura de Hortolândia informa que a instalação do corpo de bombeiros depende da dotação orçamentária e vontade política do governo do Estado. A Administração busca recursos para implantar o Corpo de Bombeiro Municipal”, explicou, por meio de nota.

Enquanto de um minuto a outro, vidas podem ser salvas (ou não),de 20 anos pra cá, o poder público parece deixar de lado tal preocupação. As vítimas dessa história, já se sabe, são velhas conhecidas. 

O Liberal, 15/03/2012

domingo, 22 de abril de 2012

Obras se arrastam em Sumaré e Hortolândia

R$ 11,1 mi é o valor das principais construções que se arrastam nos dois municípios; Obra prometida para o final de 2008 ainda não foi entregue aos moradores de Sumaré

"Em breve, a cidade contará com uma unidade especializada no atendimento de urgência e emergência, melhorando assim o acesso à saúde". Com esta frase, o prefeito de Sumaré, José Antonio Bacchim (PT), anunciou a construção de um novo pronto-socorro na cidade, no Jardim Macarenko, que ajudaria a resolver os problemas de muitos sumareenses. Tal frase, no entanto, foi dita há quase seis anos, mais precisamente em 10 de novembro de 2006. Até hoje, o Pronto-Socorro não melhorou o acesso à saúde e o motivo é simples. Não está pronto.

Assim como Sumaré, outra cidade da RPT (Região do Polo Têxtil), Hortolândia, coleciona atrasos em obras voltadas à saúde pública. Os valores das principais construções que se arrastam nos dois municípios somam a quantia de R$ 11,1 milhões.  As obras do novo Pronto-Socorro de Sumaré já se tornaram alvo de deboche por parte dos moradores. Para muitos, a história virou novela. Com entrega programada para o final deste ano, quando se encerra o mandato de Bacchim, a finalização do PS era prevista para 2008 e orçada em R$ 3,2 milhões.

Em outubro do ano passado, um temporal com ventos de mais de 100 quilômetros por hora causou estragos na cidade e danificou grande parte da estrutura do PS Municipal. O alto custo da reforma fechou o antigo PS e impulsionou a retomada das obras no Macarenko. Logo após as chuvas, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Sumaré para anunciar recursos para a compra de equipamentos e para a finalização do pronto-socorro. Pouco depois do anúncio, há três meses, operários voltaram a trabalhar no local. A decisão pela retomada foi elogiada pelo então secretário da época, Roberto Vensel, e gerou alívio na população, mas o atraso não deixou de ser criticado. "Já faz tanto tempo que prometeram, mas só vou acreditar quando o lugar estiver funcionando", afirmou um morador do bairro, durante a visita de Alckmin.

Hortolândia

Na cidade de Hortolândia, as principais obras atrasadas somam R$ 7,9 milhões. A mais cara delas, o Centro de Saúde no Jardim Nova Hortolândia, está em fase de acabamento, mas devia ter sido entregue há quase dois anos, em setembro de 2010. Uma notícia datada de 22 de fevereiro de 2011, elaborada pelo Departamento de Comunicação da Prefeitura, anunciava que o Centro estava 80% finalizado. Fora as pichações e o mato alto, um ano depois, a situação não parecia ter mudado.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde da cidade, José Carlos de Oliveira, alguns erros na execução da obra forçaram a adaptação a um novo projeto, que teve de ser encaminhado ao governo federal para análise e ratificação."Está tudo encaminhado. Faltam pouquíssimas coisas", garantiu. A Prefeitura não deu prazo para conclusão.

Ainda em Hortolândia, o Centro de Especialidades Médicas, próximo ao Residencial Green Park, devia ter sido finalizado em novembro de 2010. Orçado em pouco mais de R$ 3 milhões, atualmente, o local estava abandonado até pouco tempo. Do lado de dentro das grades, o alicerce e as paredes já estão prontas. O acesso ao lugar, no entanto, só é possível através de uma estrada de terra, em situação precária. Segundo a Administração, o atraso também se deve a mudanças técnicas no projeto inicial da unidade, que foram solicitadas ao Ministério da Saúde. A necessidade foi identificada no decorrer da construção e, agora, a cidade aguarda o órgão federal aprovar a alteração para dar continuidade à obra.

Anexo ao Centro de Especialidades, o Centro de Referência da Mulher, orçado em R$ 724 mil, teve as obras "aceleradas" pela Prefeitura logo após o LIBERAL noticiar a ausência de trabalho no local. Previsto para ser entregue em novembro do ano passado, a unidade recebe serviços de acabamento e, segundo o secretário de Obras, Marcelo Zanibon, deve ser entregue ainda neste semestre.

Sumaré enfrenta problemas estruturais

Além do atraso com o Pronto-Socorro do Jardim Macarenko, Sumaré enfrenta problemas estruturais e de recursos humanos. O secretário de Saúde, José Eduardo Bourroul, já admitiu em entrevista ao LIBERAL a dificuldade que a cidade enfrenta para contratar médicos para atuar nos PSFs (Programas de Saúde da Família). O próprio prefeito, José Antonio Bacchim (PT), também se diz ciente de que "a saúde não está bem".

Na Câmara dos Vereadores de Sumaré, parlamentares da oposição frequentemente questionam a falta de aparelhos para a realização de exames, falta de médicos especialistas e falta de medicamentos. Esta última foi confirmada pela Prefeitura ao vereador Décio Marmirolli (PSDB). No ofício enviado à Câmara dos Vereadores e ao parlamentar, a pasta afirmou que alguns itens do material de enfermagem estão disponíveis em quantidades pequenas. Sendo assim, é dada prioridade para atendimento dos serviços de urgência e emergência.

O município já registrou também falta de luvas para consultas odontológicas, entrega inadequada de medicamentos feita sem a supervisão de farmacêuticos ou auxiliares, aparelho de encefalograma com avarias, entre outros. Em março, a suspensão de exames laboratoriais, como a coleta de sangue, motivou a convocação do secretário de Saúde para dar explicações aos vereadores na Câmara Municipal. A iniciativa partiu da bancada de oposição e foi rejeitada pela maioria aliada ao governo.

Conselhos buscam alternativas para a saúde

Em entrevista ao LIBERAL, os presidentes dos Conselhos Municipais de Saúde de Sumaré e Hortolândia avaliaram a situação do setor em cada cidade. O presidente sumareense, José Luiz Crepaldi, cobra melhora na atenção básica dos PSFs (Programa de Saúde da Família) e fala em reforçar a prevenção. "Não adianta lotar o pronto-socorro de médicos para trabalharem com doenças. Se você trabalhar com a prevenção, não terá um PS lotado", afirmou. Segundo ele, o Conselho atua acompanhando o trabalho nas unidades. "Fazemos avaliações, reivindicações e indicações. Tentamos direcionar da melhor maneira possível como gastar o dinheiro do orçamento da saúde".

Crepaldi diz que cobra a presença de médicos nos postos de saúde dos bairros para que não haja a necessidade de a população ir ao pronto-socorro. "O Conselho trabalha para diminuir as filas. Acabar é difícil", afirma ele. O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Hortolândia, José Carlos de Oliveira, aponta para a alta demanda na rede de saúde da cidade. "A situação seria confortável se nós atendêssemos somente a população do nosso município. Temos um número razoável de médicos, mas Campinas, Paulínia e Monte Mor estão sufocando a gente", diz ele.

Hoje, a Prefeitura realiza um concurso público para preencher, além de diversas áreas, os cargos de especialidades médicas. Oliveira espera que a cidade consiga contratar mais profissionais para a rede de saúde. "Faltam médicos e alguns não querem trabalhar na rede pública por causa dos salários. Na área da saúde, temos que matar dez leões por dia para sobreviver", lamenta.

O Liberal, 22/04/2012

Gabinete ainda não saiu do papel em Hortolândia

Lei foi criada em setembro passado; Prefeitura disse que ainda elabora regimento interno

O Gabinete de Gestão Integrada de Hortolândia (GGI-M), criado por lei em setembro do ano passado para auxiliar no combate à violência, ainda não saiu do papel. Questionada, a Prefeitura não informou quanto tem sido gasto na implantação, qual a empresa responsável e nem quando o serviço começará funcionar. Apenas afirmou que, atualmente, elabora o regimento interno do Gabinete. A situação foi alvo de questionamentos na Câmara Municipal, em requerimento apresentado pela vereadora Terezinha Prataviera (PT).

No ano passado, a Câmara aprovou a criação do GGI-M, que será vinculado ao gabinete do prefeito, atualmente, ocupado pelo petista Ângelo Augusto Perugini. A implantação é vista pela Prefeitura como uma aliada ao enfrentamento da violência por meio de ações sociais e preventivas. Segundo ela, o projeto funcionará como um canal de conexão entre todos os órgãos de segurança pública. Guarda Municipal e Polícias Militar, Civil e Federal trabalharão em conjunto, com o apoio também da população.

O projeto aprovado prevê que o gabinete envolverá todas as secretarias municipais e será presidido pelo prefeito. Serão realizadas reuniões periódicas envolvendo as três esferas do poder, Executivo, Legislativo e Judiciário, além da sociedade civil. Todos os secretários municipais devem compor o GGI-M. Representantes do governo estadual, como juízes e promotores, também serão convidados a participar das reuniões do gabinete. A partir da identificação de problemas nas reuniões, os membros do Gabinete irão propor ações e traçar a metodologia que será utilizada para a solução. No entanto, a situação continua indefinida e sem justificativas por parte da Administração.

Videomonitoramento

O GGI-M terá em sua estrutura um Observatório de Segurança Pública, ao qual caberá organizar e analisar dados sobre a violência e a criminalidade local e monitorar a efetividade de segurança pública no município. Também está prevista a implantação de uma "sala de situação e operação", responsável pela obtenção de dados em tempo real a partir de uma central de videomonitoramento.

Assim como a cidade de Sumaré, que já anunciou a instalação das câmeras de videomonitoramento, Hortolândia criou o GGI-M a partir de um convênio com um programa do Ministério da Justiça, o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). A assessoria de imprensa da Prefeitura também não informou os valores que estariam sendo gastos com o projeto.

O Liberal, 19/04/2012

Criança engasga e é salva por PMs em Sumaré

Bebê de um ano e um mês foi reanimado pelos policiais e levado ao Hospital Estadual de Sumaré, onde se recupera

Dois soldados da 1ª Companhia da Policia Militar de Sumaré ajudaram a salvar, ontem de manhã, uma criança de 1 ano e um mês que perdeu os sentidos depois de engasgar com o próprio vômito. Os PM's estavam em patrulha na região central da cidade, quando foram solicitados no trânsito pela mãe da menina, Aline Silvia da Conceição, de 26 anos, e um vizinho que a ajudava. Os policiais prestaram os primeiros socorros e conseguiram reanimar Sara Kerem Vitória Peres antes de chegar ao Hospital Estadual Doutor Leandro Franceschini. Depois de ser internada e medicada, a menina foi liberada e se recupera em casa.

A ocorrência foi atendida pelo cabo Eliel Calisto de Souza, de 30 anos, e pelo soldado Marcelo Márcio Barbosa Pinheiro, de 39. Souza contou que ele e o soldado estavam na Praça da República, por volta das 10h, realizando o patrulhamento de rotina. "Nós estávamos na área central, quando nos deparamos com a mãe e a criança desacordada no colo, pedindo ajuda. Ela nos disse que a filha havia engasgado e perdido a consciência", relatou o cabo ao LIBERAL.

A mãe e um vizinho saíam com um carro para o hospital, quanto encontraram a viatura no trânsito. "Descemos do carro e pedimos ajuda aos policiais. Foi ótimo. Só o fato deles estarem junto com a gente já ajudou, porque a viagem foi mais rápida e, quando chegamos ao hospital, minha filha foi imediatamente atendida", explicou a mãe, Aline Silvia da Conceição. Segundo ela, a filha teria se engasgado com um pedaço de melancia.

Na viatura da PM, os policiais fizeram os primeiros atendimentos durante o caminho e avisaram a equipe médica do hospital. "A princípio, íamos para o CIS (Centro Integrado de Saúde) de Nova Veneza, mas no caminho, a boca dela começou a ficar roxa e a pulsação muito fraca. Quase não estava respirando. Fizemos os procedimentos básicos, batendo nas costas para tentar desobstruir as vias aéreas da criança", disse Souza.

Quando chegaram ao Hospital Estadual, Sara já havia recobrado a consciência e foi atendida por uma pediatra. A menina ficou em observação e foi liberada no final da tarde. Segundo a mãe, a médica suspeitou de virose, mas não houve um diagnóstico que confirmasse.

O cabo Souza, policial há dez anos, e o soldado Pinheiro, com 16 anos de carreira, disseram que situações parecidas já lhes ocorreram, mas nunca com uma criança tão nova. Eles ficaram contentes pela ajuda. "Ganhei o dia. Tenho uma filha e a gente espera que quando aconteça algo, alguém também ajude. Ficamos felizes ao chegar ao hospital e ver que nosso esforço valeu a pena", comemorou Souza.

O Liberal, 17/04/2012

Sumaré sofre para conseguir médicos para unidades

Prefeitura solicitou 9 profissionais ao governo federal, mas só 3 foram encaminhados e 2 disseram não ao programa

O secretário de Saúde de Sumaré, José Eduardo Bourroul, admitiu a dificuldade na contratação de médicos para atuarem nas unidades do PSFs (Programa Saúde da Família) do município em entrevista exclusiva ao LIBERAL. Segundo Bourroul, a carência de profissionais é quase total, o que prejudica o atendimento em muitas unidades. A Secretaria de Saúde informou que, no mês passado, nove médicos foram solicitados ao Ministério da Saúde, por meio do Provab (Programa de Valorização do Profissional). Mesmo assim, ainda não houve sucesso na contratação. Somente três foram encaminhados pelo governo federal. Dois deles recusaram a trabalhar no município e a Prefeitura aguarda a resposta do terceiro. O secretário não soube precisar o déficit de profissionais.

As dificuldades ocorrem, inclusive, através dos concursos municipais. Bourroul revelou que no último, realizado em setembro do ano passado, houve aprovações, mas ninguém assumiu as vagas. O secretário ressaltou que não vê problemas com os salários oferecidos, mas acredita que a falta de interesse por parte dos profissionais contribui para a carência do setor. "A impressão que me dá é de que o médico não quer ficar preso a um contrato de trabalho. Ele vai para onde terá mais benefícios", frisou.

Em Sumaré, de acordo com informações da assessoria de imprensa da Saúde, a Prefeitura paga R$ 35 por hora trabalhada nos PSF's. A carga semanal total varia de 20 a 30 horas e prevê uma premiação sobre o tempo trabalhado. Um novo concurso dependerá de quantas vagas restarem e só poderá ser realizado após vencido o prazo do concurso de setembro. "É uma carência quase total. Psiquiatra, por exemplo, não tem e não é só aqui. Ginecologista e pediatra, também não. As especialidades são as mais complicadas, de um modo geral", lamentou Bourroul.

Empresa

No mês passado, a Prefeitura contratou a RPS Clínica Médica Ltda, que terá a missão de recrutar e selecionar médicos para atuar na cidade. O valor da contratação é de R$ 19,2 milhões e, segundo o secretário de Saúde, não se trata de uma terceirização dos serviços. "É sufoco mesmo. Se eu não consigo através de concurso, tenho que contratar uma empresa para fornecer os médicos. Não posso ficar sem. O ideal seria que todo mundo fosse concursado", explicou. Ainda assim, a contratação é investigada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), que no ano passado pediu o fim do contrato da cidade com a Oscip ACCB (Associação Civil Cidadania Brasil), encerrado em dezembro.

Os problemas enfrentados na contratação de médicos se espalham por todo o país. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), 1.228 municípios já pediram auxílio ao Ministério da Saúde, através do Provab, para conseguir preencher as vagas com profissionais recém-formados. Mesmo com as várias estratégias do governo, 233 cidades não atraíram nenhum profissional.

O Liberal, 17/04/2012

Operários trabalham sem EPI's em obra de Hortolândia

Situação em obra da Avenida da Emancipação é criticada pelo Sindicato da Construção Civil, que promete apurar

Operários que atuam nas obras de duplicação da Avenida da Emancipação, em Hortolândia, estão trabalhando sem a segurança adequada. Atualmente, eles realizam a implantação de tubulações e trabalham dentro de valas sem escoras e sem EPI's (equipamentos de proteção individual). A falta de proteção pode causar acidentes graves, como o que matou soterrado o operário Luiz Carlos Marques de Oliveira, de 50 anos, em Sumaré, no mês de janeiro.

A empresa contratada pela Prefeitura de Hortolândia implanta durante esta semana o sistema de drenagem de águas pluviais na avenida. A instalação da tubulação faz parte das obras de duplicação da via, principal acesso à Hortolândia pela Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101). A Construtora Simoso foi a escolhida para o serviço, estimado em R$ 2,7 milhões.

No canteiro de obras visitado pela reportagem do LIBERAL, cerca de dez operários trabalham em diferentes serviços. Um deles é o alinhamento dos tubos de concreto, feito dentro de valas com profundidade superior à altura dos funcionários, que trabalham sem capacetes e, alguns, até sem luvas. Ao lado das valas se espalham os montes de terra retirados do buraco. Questionados sobre o perigo de um desabamento, um deles se mostrou despreocupado: "Isso daqui (terra) não cai não. Sem problemas", frisou.

A situação, no entanto, é criticada pelo Sinticom (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Mobiliário de Campinas e Região). Segundo o diretor da entidade, Francisco Aparecido da Silva, será feita uma apuração. "Primeiro vamos verificar o que está acontecendo e, caso confirmada a situação irregular, vamos contatar a construtora", explicou Silva.

A Prefeitura de Hortolândia, responsável por firmar o contrato com a Construtora Simoso e por fiscalizar as obras, afirmou que o fornecimento de equipamentos de segurança e a orientação aos trabalhadores devem ser feitos pela empresa que realiza a duplicação. Ela também garantiu que a Secretaria de Obras encaminhará um técnico até o canteiro da Avenida da Emancipação para avaliar as condições de segurança no trabalho. "Em caso de irregularidades, a Prefeitura notificará a empresa para tomar as providências necessárias de adequação", informou.

O Liberal, 13/04/2012